segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O que é público?

Público e seu conceito

Na obra Psicossociologia das Relações Públicas, o autor discorre sobre os conceitos relacionados ao público do ponto de vista da psicologia e das ciências sociais, aplicáveis ao estudo das relações públicas.
Andrade utiliza o seguinte conceito de público:

O agrupamento espontâneo de pessoas adultas e/ou de grupos sociais organizados, com ou sem contigüidade física, com abundância de informações, analisando uma controvérsia, com atitudes e opiniões múltiplas quanto à solução ou medidas a serem tomadas perante ela, com ampla oportunidade de discussão, e acompanhando ou participando do debate geral por meio da integração pessoal ou dos veículos de comunicação, à procura de uma atitude comum, expressa em uma decisão ou opinião coletiva, que permitirá a ação conjugada (1989, p. 41)

Dentro do público, o indivíduo não perde a faculdade de crítica e autocontrole e está disposto a participar da discussão frente à controvérsia, dando e compartilhando opiniões e experiências e até fazendo concessões. O público, mais que um simples grupamento humano, pode ser o reflexo das relações de poder de determinado local/ambiente. Não apenas reagindo a estímulos, ele também pode gerar ou exigir alterações neste ambiente, cabendo ao profissional de relações públicas estudar e interpretar seu comportamento e colaborar para a sua formação.
Segundo o autor, a sociedade de consumo despersonaliza e aliena o indivíduo. Através de grupos dominantes, com debates e contestações, ampliando o grau de participação e responsabilidade individual e social, é possível reverter esse quadro, desde que as questões levantadas sejam racionalmente propostas e, conforme esse tipo de atividade aumentar, o desenvolvimento da sociedade envolvida também aumentará, pois a exigência de melhores condições para o debate só acontece com a transformação das massas em públicos.
Os grupos de interesse discutem e polarizam temas conforme sua grandeza, complexidade, importância e interesse público, dependendo das considerações racionais e argumentos utilizados, apreciando e julgando conforme o debate evolui, com a apresentação de pontos de vista de modo equânime.
Neste processo, nem sempre a abundância de informações é benéfica, muitas vezes ela pode se tornar obstáculo, principalmente pela falta de critérios de seleção. Neste sentido, a evolução tecnológica, com a informática, veio otimizar o processo, ordenando e democratizando a informação.
Com as diversas transformações mundiais, surgiram inúmeros grupos com o interesse de reduzir o homem a mero consumidor. Em contrapartida, mais recentemente, também apareceram estruturas visando o coletivo com liberdade e organização, permitindo alçar a opinião pública ao status de “a última instância de todas as decisões do interesse público” (p.43).
Portanto, mais que propiciar informação de qualidade, o profissional de relações públicas, enquanto agente da transformação das massas em público, deve promover o diálogo e a mediação entre os públicos e as organizações, fazendo a leitura do ambiente para melhor desempenhar essa atividade, sempre buscando o equilíbrio.


Referência Bibliográfica

ANDRADE, C. T. de S. 1989. Psicossociologia das Relações Públicas. Rio de Janeiro, Loyola

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